segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"ABRE ASPAS..."

Me lembro do meu primeiro dia de seminário, estava eu indo para um estudo sobre Deus, e não só isto, eu estava indo para estudar sobre "meu Deus", sobre aquele que sempre me responde, e mais , suas respostas eram aquelas que eu sempre podia contar que "seriam melhores" do que eu pensei...
Lembro exatamente do material que levei nos primeiros dias de aula, uma bíblia de estudo e um bloco, pensei que não precisaria de mais nada, que "o meu Deus" se revelaria e me capacitaria para o resto de minha vida eclesiástica e ministerial, pois estava eu ali "tomando posse" de uma missão hercúlea e "o meu Deus" estaria vendo com bons olhos tudo aquilo e se utilizaria de mim como instumento de sua vontade e justiça...
Que inocência, estava eu ali tentando me formatar a uma mansidão, ou melhor, uma passividade que nunca coube em minha personalidade, sempre quando pensei em qualquer coisa referente à Deus, pensava eu no que deveria fazer, em como deveria fazer, e nunca tinha pensado, como haviam me formatado com a conversão, que já tinha feito tudo indo de encontro à ele, que agora simplesmente Ele ia agir porque simplesmente me coloquei ali para isto, minha humanidade sumiria e ali somente haveria "o santo".
Depois 03 anos, muito estudo e muita leitura, tudo sendo digerido com algum equilíbrio, verifiquei que há alguns idiotas que perguntam:
_"Você ainda possui fé?"

Eu creio que quem fez seminário e perdeu fé naquilo que acreditava, não acreditava muito naquilo que era o objeto de sua fé, seja este objeto qual for.

Vejo em alguns colegas que iniciaram o curso praticamente adolescentes, e hoje há uma tremenda indecisão se irão prosseguir em sua caminhada ministerial, se irão simplesmente continuar na igreja, mas não por questões de informações recebidas de verdade ou mentira, mas sim pelo simples fato de que percebem que não foram honestos com os mesmos, que ali aprenderiam piedade, sistemas de levarem mais pessoas para a igreja, que ali se preparariam "pastores", ledo engano...
Esqueceram-se de que "pastor" você é desde o "ventre" de sua mãe, e mais , você não é pastor simplesmente pelo fato de que seu pai é pastor, ou na hora que botam a mão em sua cabeça, mas sim em toda sua caminhada Deus coloca pessoas se chegando para serem cuidadas, agora se respeitarão o sofrimento alheio, ou não, aí eu não sei se estarão preparados...
Os que optam por uma faculdade de teologia querem simplesmnete se aprimorar,isto a meu ver, poder ser "pastores-mestres" no sentido total desta função, pois como é que você vai ensinar se não possuí conteúdo? Como você irá dialogar com outros que praticam uma teologia diferente da sua? E este diálogo sendo puro, honesto, sem querer impor a sua teologia nos outros. (Lembro que aqui quando falo de teologia, falo de teologia cristã, hindu, do candomblé, do Islã, e até de teologia ateísta, não falo de congregações, isto é outro papo, é doutrina...)
Se quisermos realmente um debate devemos nos preparar, sem posar de "supercertos" e praticar a humildade do Pai, que se fez homem como cremos, ou dizemos que cremos...
Este sentimento de que Jesus "vai resolver tudo" é bom, mas o que devemos falar é que, Ele vai resolver tudo, mas não indica necessariamente que deve ser da maneira que pensamos, ou achamos que Ele deve fazer, pois este deus neste caso vira um ídolo, e não Deus em sua essência de poder absoluto sobre todas as coisas e seres, portanto devemos pensar que podemos nos "decepcionar" de vez em quando com Ele...
Recebi outro dia de um irmão um e-mail que indicava uma prática de pedofilia do HAMAS, na faixa de Gaza, que promovia um casamento coletivo de homens com crianças, é lógico que está errado, não discuto, devemos lutar contra qualquer coisa neste sentido, mas será que não devemos olhar para dentro e sanear nossas dificuldades como religião, de postura em relação ao "Mestre" que dizemos seguir para aí sim passarmos a ser alvo de referência? Hoje pastor é grupo de risco para abertura de crédito, tenho informações de pastores que praticaram pedofilia, inclusive assassinando suas vítimas, na "Baixada" pastor foi preso por "passar óleo ungido" nas partes íntimas de uma menina de 11 anos...
Não quero aqui justificar este, ou aquele fato, o que quero é uma postura menos hipócrita de nossa parte, não podemos condenar os outros enquanto fizermos coisas que escandalizam!
Isto é que me está gerando crise, a mesma crise "nietzscheana", "Deus está morto", sinceramente se Deus é este que formatamos para nosso prazer, que nos atende de qualquer maneira, que nos faz sentir um conformismo no sentido de que se estamos sofrendo aqui é porque estamos debaixo de "sua asa", e mais tarde quando morrermos só "lá" estaremos bem, um deus que me faz supercerto de qualquer jeito pelo simples fato de que eu "digo" que o sigo, realmente este "deus" pequeno e baixo, a meu ver, deve ser morto mesmo e enterrado bem fundo, sem possibilidade de "ressurreição"(...)
Se vermos bem foi exatamente isto que fizemos com Jesus, o enterramos de maneira tão profunda, o cobrimos com tanto concreto destes templos faraônicos, o colocamos debaixo de tanta doutrina louca, que simplesmente não o achamos mais, o deformamos com estes dogmas, o matamos nos achando "os certos" e detentores de "uma verdade", verdade esta obtusa e escura...
O Deus inefável, grandioso, que em sua grandeza se fez homem, para que entendêssemos que humildade é importante, que aqui cuidou e amou, respeitou, incentivou, fez progredir, arcou com tudo que lhe foi imposto por sua postura e conduta, este sim está vivo! Reina sobre todas as coisas mesmo!!
Nietzshe jamais, e em tempo algum, se atreveria em falar que "Este" Deus estaria morto, mas sim decreta a morte do deus pequeno do homem pequeno, que simplesmente insiste em comandar este deus, e neste comando usa óculos defeituosos que só enxergam o defeito e o erro do outro, e mais, que tenta dominar este outro...
Para sermos indivíduos religiosos devemos ter os "olhos deformados", "virados para dentro", para assim reformularmos nossos defeitos, progredir nos superar com ajuda deste Deus nesta empreitada, para assim sem precisarmos falar uma só palavra afetar o outro de uma maneira que jamais poderíamos afetar se fôssemos fazer apontando seus erros, lembro da Sathyagraha de Gandhi, a "não violência" não importando o que se fizesse não faria o que lhe era imposto, mas não recorreria de violência nesta "rebeldia", por sua postura libertou um país, aí um radical o assassinou, um radical que pensava que estava totalmente certo e o resto totalmente errado...
Vamos nos olhar acertar nosso passo, para que outros possam realmente seguir nossas pegadas e estarem certos de que estão em caminho guiado e no sentido de Deus, maiúsculo, inefável, simplesmente Bom...

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